Uma noite escura com pensamentos tão obscuros quanto
Descendo as escadas tem uma porta, atras dela, um quarto.
Ali dormia o garoto e seu gato, tranquilos, não sabiam o que viria.
Até hoje não sei de onde rio, mas veio.
O garoto sente alguém entrando no quarto e se assusta pois mora só.
Abre o olho -se soubesse o que viria, nunca o teria feito-
Ali estava. Não sabia o que era mas ali estavam aqueles olhos tão famintos e profundos quanto um buraco negro.
Aquele sorriso com formato deformado infinitos dentes.
Não estava simplesmente parado ao lado da cama, estava curvado sobre o garoto apenas esperando os olhos abrirem, estava faminto de seus sonhos e não precisou esperar muito pra se saciar.
Não tinha bem uma forma, não se mostrou por completo.
O garoto estremeceu.
Lutava pra conseguir se mover mas não conseguia.
Todos os músculos de seu corpo estavam enrijecidos. Todos.
O Gato não estava mais ao seu lado e depois de um tempo (até hoje não sei dizer quanto tempo foi mas pareceu uma eternidade) o garoto decidiu parar de lutar e sentiu-se como engolido por aqueles infinitos dentes.
A sensação era de queda livre, não havia dor, só medo.
Quando não há como o medo ser maior, tudo se vai e continua deitado.
Não entende como voltou pra cama mas já consegue se mover.
O Gato está onde sempre esteve.
Rezo pra ter sido só um sonho, nunca tive tanto medo